segunda-feira, 23 de março de 2009

Aqui por baixo dessas telhas de azul celeste

No meu quintal
criança que brinca
de corda
e vê, contente, pôr-do-sol em montanha
e chuvisco de água
nos veraneios d'um dezembro cálido

Do toca-discos envelhecido
que declara as canções de rosa
postas melodias de ventos cheirando verde úmido
sal que cai calmo dos olhos em marrom-tempestade
e dedos que levam
arco-íris em guarda-sóis
cobrindo ela inteira
só de cores

Que com caixinhas de lápis que colorem
a menina
bem pequena
a titubear nuances
de todos os universos, só de cores
a vida, por ela
que há
em refrões, canções
sem rimas



Deixa, que nesse verão eu faço sol.

quarta-feira, 21 de janeiro de 2009

Tinha a cabeça sobre o ombro esquerdo da outra, os olhos que por vezes se fechavam e assim permaneciam - depois se abriam, encantados, e não pelas camadas de páginas ao redor: haviam o perfume e as cores, todas as cores, reunidas em uma só Borboleta. Quando olhava em seus olhos, havia um azul tão vermelho, e sua pele pálida parecia esconder os verdes e roxos mais intensos que a menina já havia visto naqueles poucos tempos de viver.

E lembrava-se de tudo. Entre suspiros eufóricos, não contia sorrisos enquanto contava nos dedos os seis dias que sobravam.

domingo, 11 de janeiro de 2009

Levanta com uma das mãos a garrafa de vinho,
os sorrisos radiantes reluzindo,
e é aos poucos que o vai derramando pelo corpo da outra,
provocando-lhe um arrepio,
sentindo-lhe o toque cheio de delicadeza,
os dedos percorrendo-lhe os lábios e arrastando-se pelo pescoço,
pelos seios excitados,
pela cintura,
as alegrias ecoando pela imensidão do quarto,
os corpos seminus somente cobertos por sedas transparentes a se roçar.

Os beijos inundados pelo vermelho do álcool,
os corpos em uma comunhão impossível,
os peitos de ar escasso que se encontravam de um movimento a outro,
os cabelos molhados, caídos.

A língua em passeio pelo corpo branco a vibrar.

Os sons já em outro tom,
as mãos molhadas pelo líquido a escorrer pelas pernas,
as massagens nos corpos agora deitados sobre a cama de mogno rústico forrada de lençóis vermelhos,
as velas.

Os suspiros,
os sussurros,
frenesis.

A loucura.

Os beijos percorrendo toda a pele,
as mãos a explorá-la por dentro.

Os gemidos não se conseguindo mais sufocar, os sentires,
os ventres em encaixe.

Eu te amo.